quarta-feira, 17 de junho de 2009

Tempo sem horas


Neste pequeno espaço onde por vezes pairo
há o canto dos pássaros que me envolve
e faz com que salte o que há de melhor em mim.
Fico entre a realidade e a exaltação do sonho
num espaço onde não há dor ...
na dormencia mágica da vida.

pb

segunda-feira, 8 de junho de 2009

AS PALAVRAS


As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm,
cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta?
Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

(Eugénio de Andrade)